quarta-feira, 11 de julho de 2012




A Greve dos Médicos

Acabo de regressar da concentração dos médicos em frente do Ministério da Saúde, onde fui saudar os colegas, num fraternal abraço aos representantes das instituições médicas  - Ordem e Sindicatos.

Recordo o alerta dado em 2007 com a publicação do livro  -  "As Carreiras Médicas em Portugal - Evocação e Defeza"!







Intervenção do DR. MANUEL MACHADO SÁ MARQUES, em nome dos autores, na sessão de apresentação do livro “AS CARREIRAS MÉDICAS EM PORTUGAL: evocação e defesa”.

Há algum tempo, quando começaram a surgir sinais reveladores da vontade política de destruição dos serviços públicos de saúde e de toda uma estrutura assente nas “Carreiras Médicas”, resolvemos reunir documentação, que se encontrava dispersa entre os nossos papeis, referente à nossa actividade no desencadear do que então se chamou o “Movimento dos Novos”, e esteve na origem do aparecimento do Relatório sobre as Carreiras Médicas, que foi uma obra notável e uma vitória de prestigio e dignidade na relação travada entre os médicos e o poder político de então.
Foi um trabalho muito consolador, por nos recordar tantos factos já esquecidos, revelador também de tantos impactos afectivos!...
Depois do trabalho de arrumação e catalogação dos inúmeros documentos, surgiu a necessidade de consultar os registos e as actas da Ordem dos Médicos. Toda esta paciente actividade se deve aos colegas Aguinaldo Cabral e António Rocha, que, por outro lado, encontraram na Ordem uma boa recepção e colaboração.
Como entretanto os golpes sucessivos sobre as estruturas de saúde se agravavam, achámos que esta recolha histórica, devia ultrapassar uma evocação afectiva, e servir como um exemplo na luta que se está a travar na relação dos médicos com as entidades governativas.
O que se pretende com esta publicação sobre “As Carreiras Médicas em Portugal”?
Pareceu-nos ser nosso dever alertar principalmente os colegas jovens!
Com certeza que reconhecemos quais as condições em que actualmente se exercem os cuidados de saúde, envolvidos por uma tecnologia cada vez mais complicada e necessária, e em circunstancias diferentes das vividas há cinquenta anos. Mas, mantendo-se os princípios éticos e os objectivos político-sociais no desempenho da cidadania dos profissionais médicos, impunha-se um alertar para a sua defesa na luta que está a ser travada com os enormes interesses económicos e financeiros, que viram a possibilidade de explorar a actividade dos cuidados de saúde, como uma fonte altamente rentável na aplicação do seu capital.
São os detentores do poder económico-financeiro, que assenhoreando-se dos cuidados de saúde privados e encontrando profissionais, muito qualificados e bem preparados nos serviços públicos de saúde, vêm criando, com a protecção política dos Governos, a actual situação em que a Medicina e os seus profissionais se encontram.
Todos os profissionais de saúde, actualmente abrangendo técnicos de formação tão diversa, sentem a necessidade de meditarem e discutirem a sua preparação e as suas funções na prestação dos cuidados de saúde, e sabem que o devem fazer nas suas estruturas próprias (ordens e sindicatos).
Este caderno agora impresso pelo Sindicato dos Médicos da Zona SUL/FNAM, foi redigido para que os nossos colegas continuem a defender as carreiras médicas, na “perspectiva da sua permanente adequação às novas realidades da organização do trabalho médico, e, no respeito pela sua matriz identificadora, cuja actualidade se mantêm válida e com provas dadas”, como escreveu o Mário Jorge no seu prefácio.

30/10/2007





quarta-feira, 4 de julho de 2012




O meu baptismo de voo

Ao acabar de ler o capítulo "Aviadoras do Ultramar" do livro de Fina d'Armada - "Heroínas Portuguesas", lembrei-me do meu baptismo de voo!
Ao recordá-lo, vou ao encontro do desejo do meu amigo Carlos Maciel, que tantas vezes insistiu para que colocasse no blogue as fotografias que tirei em Luanda, no ano de 1951. Para o Carlos um apertado abraço!













Fiz o meu baptismo de voo num pequeno passeio de avioneta sobre a cidade de Luanda. Conservo no álbum de recordações duas fotografias tiradas no aeródromo de Luanda, numa delas acompanhado com a aviadora e seu primo. Não registei os seus nomes, mas lembro-me bem o que se passou.
Durante a segunda viagem que fiz às colónias portuguesas, como "médico de bordo" do navio-motor "Ganda", que decorreu entre Dezembro de 1950 e os primeiros meses de 1951, o barco levou das roças de S. Tomé e Príncipe os "serviçais" que aí tinham trabalhado e regressavam às localidades onde tinham sido contractados, os angolanos desembarcando no Lobito, os caboverdeanos em S. Tiago. Eram acompanhados por um jovem "curador", que durante a viagem revelou ter em Luanda uma prima que estava a tirar o brevê de aviadora. Quando os jovens oficiais de bordo conheceram a aviadora ficaram encantados e combinaram uma visita ao aeródromo de Luanda. Por deferência com o "doc" ( assim me tratavam ) seria o primeiro a acompanhar a condutora da avioneta. Durante o breve passeio sobre Luanda fiquei a saber da curta experiência de pilotagem (30 horas de voo), que se confirmou na segunda tentativa de aterragem, conseguida com a destruição do trem de aterragem... Foi com grande mágoa que os três jovens pilotos do Ganda ficaram sem o passeio de avioneta...